Blog do Jornal Laboratório FACHA

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Uma publicação dos alunos do Curso de Comunicação Social da
Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso
Unidade Botafogo.

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23/10/2008

1968 - O ano que não acabou

Foto: Pedro Jardim


A palestra “1968 – o ano que não acabou”, que abriu o evento “1968 – uma liberdade com expressão”, foi realizada em 20 de outubro, segunda-feira, no auditório da FACHA – Campus I, contando com os palestrantes Regina Zappa, Ernesto Soto e Joel Pizzini. Nela, foi relembrada a importância do ano de 1968 e por que ele ficou na história.



Quando ser realista é exigir o impossível

Texto: Ana Helena Tavares

1968: Um ano em que se lutava com todas as forças contra o autoritarismo e se buscava transformação. Transformação dentro das universidades; uma luta pela quebra do distanciamento aluno-professor. Transformação de todo o sistema educacional; uma luta contra o ensino pago. Transformação da vida; uma luta por mudá-la, não por tomar o poder.

Dentro de uma ditadura militar que estava no auge, o movimento estudantil fervilhava. A cavalaria militar na rua era alvejada por centenas de bolas de gude. Cada um lutava com as armas que tinha e, mesmo quem não as tinha, “fazia a hora, não esperava acontecer”. Foi com esse espírito que estudantes reuniram-se clandestinamente naquele que ficou conhecido como o “Congresso de Ibiúna”, no qual todas as lideranças estudantis presentes foram presas.

A realidade do Brasil de 1968 era um sistema bipartidário: o MDB, conhecido como o “partido do sim”; e a Arena, o “partido do sim-senhor”. A censura calava vozes, cerrava cortinas de teatro, escurecia telas e escolhia letras a serem impressas. Mas, muitas vezes, a proibição aguça a criação, e não se conseguia proibir tudo.

E nesse ano, tão marcado pelo paradoxo, é interessante observar que nunca houve no Brasil um diálogo tão grande entre as artes. Havia um sentimento cultural no ar. Um vigor artístico sem precedentes.

As celebridades naquele momento eram os expoentes da cultura. Se muitos dizem que “hoje somos apenas ‘caras’”, naquela época as celebridades de fato tinham algo a dizer – não eram vazias. Tinham conteúdo e consistência.

Foi um tempo, enfim, de humanismo. O movimento feminista (inserção da mulher no mercado de trabalho), os direitos dos homossexuais, a militância pelo meio-ambiente, a luta pelos direitos civis e as muitas lutas de esquerda foram algumas das causas que ganharam força em 1968.

Um ano em que se fazia a hora sabendo-se o alto preço que isso poderia custar – a liberdade e talvez a vida. Em meio a um descontentamento geral com o mundo – e mesmo sem saber qual pôr no lugar – “comprava-se” esse preço.

O que importava era a utopia. Sonhava-se em chegar a “lugar nenhum” para a partir daí ser criada uma nova realidade.

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