Blog do Jornal Laboratório FACHA

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Uma publicação dos alunos do Curso de Comunicação Social da
Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso
Unidade Botafogo.

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10/05/2008

1968 - O ano que não terminou: "Arte ainda que tardia"

Luciana também escreveu o texto no Laboratório, em menos de uma hora, de improviso, sem ter sido avisada de que o trabalho seria realizado.

“Arte ainda que tardia...”
Luciana Guimarães Duarte*

São muitos os elementos que constroem um país, mas somente suas vitórias, conquistas, suas perdas e frustrações, suas guerras e seus conflitos, sua arte e seu talento, são capazes de fazê-lo uma nação. E sim, não há como negar, somos um povo talentoso.

Uma das fases mais importantes na construção deste nosso arquétipo, sobrevivente e desgastado Brasil foi o conturbado e histórico ano de 1968.

Sentimos 68 até hoje....ele está em nossa liberdade de expressão, na rebeldia ainda que muitas vezes hoje sem causa e real sentido que podemos nos dar ao luxo de sentir, nosso direito e dever de ir e vir; são conseqüência da guerra armada contra a ditadura que imperava até então.
Batalha que nossos jovens em sua maioria, travaram com dor e ardor; contra a prisão do pensamento, e que tiveram na arte uma poderosa arma. O arsenal foi majestosamente montado nas ferrenhas e ludibriosas palavras do poeta Chico Buarque de Holanda.

Chico influenciou a tal ponto leigos e artistas que muitos o consideram o guru maior da liberdade pela qual tanto se lutou naquele ano. Suas músicas, compostas de versos que inspiravam e alertavam eram censuradas e vetadas por aqueles que “comandavam” até então. E nada para instigar mais a curiosidade do que o proibido. Suas letras eram entoadas como hinos no exorcismo contra o regime militar.

Mas foi sua peça, “Roda Viva”, e seus personagens brilhantemente vividos por nomes como Fernanda Montenegro, Marilia Pêra, Pedro Paulo Rangel, Paulo César Pereio que efetivamente mudaram e marcaram uma geração. Mesmo com teatros invadidos e destruídos, figurinos queimados, atores espancados, presos e torturados; a peça estreou e arrebatou com suas fortes palavras guerreiros ávidos por igualdade, justiça e a tão sonhada liberdade.
Uma das grandes damas do teatro brasileiro, Marilia Pêra em suas declarações sobre o conturbado processo de montagem de Roda Viva, afirma que nada a fazia querer ainda mais que a peça fosse vista do que os infindos obstáculos pelos quais todos envolvidos na produção suportaram. Ensaios em lugares diferentes, atores que se viam obrigados a se esconder em casas de amigos e parentes, a falta de recursos, só gerava mais gana para levar a montagem em frente. Outro grande nome, como Pedro Paulo Rangel, relata que esta foi sua primeira experiência teatral e que não haveria modo mais promissor e do qual se orgulhasse tanto do que estrear sua carreira de ator com Roda Viva.

À Chico se uniram Gil, Vinicius, Caetano, entre outros, e eles foram sem dúvida grandes expoentes da arte em 1968, apesar de tudo. Estamos aí e podemos ver. Livremente....

* Aluna do 5º período de Técnica de Reportagem.

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