Foto: Ana Helena Tavares

Duas horas e meia de palestra que na mão de Coppola dariam um belo longa-metragem sobre imprensa. Foi o que se viu ontem, 06 de Novembro, na Casa de Ruy Barbosa, com a presença do jornalista Dênis de Moraes, ministrando a palestra "Outros Jornalismos, Outra Comunicação", parte da série "Pensar a Imprensa".
Numa tarde chuvosa, um auditório praticamente vazio, ocupado por bem menos da metade de sua capacidade, assistiu a momentos de puro fascínio: o tão falado fascínio do jornalismo. E Dênis de Moraes conhece como poucos esse fascínio: como repórter, praticou-o com competência e intensidade; como acadêmico, teoriza-o com lucidez e paixão. Paixão resumida pelas palavras: "Hoje o jornalismo e os jornalistas não são temas propriamente do meu trabalho mais imediato, mas são muito mais importantes do que isso, porque fazem parte do meu coração. E se estão presentes no meu coração, estão presentes nas minhas aulas, nos trabalhos que eu faço, nas orientações que eu dou e etc., etc., etc... É um incêndio permanente, íntimo e maravilhoso, que acontece com todos os jornalistas, e que nos meus 54 anos ainda não se apagou. Uma das coisas de que mais me orgulho na minha vida é a minha graduação em jornalismo."
Dênis, porém, tem consciência dos "apagões" na área e frisou: "Há hoje em dia uma espécie de deformação nas nossas academias. Por mais paradoxal que pareça isso, nos meios de comunicação e nas próprias faculdades se fala cada vez menos da imprensa." Um dos fatores a que ele atribuiu isso é a despolitização do meio universitário: "Percebo isso com grande pesar", disse.
Criticou ainda o grande número de docentes que chega ao magistério para dar aula de jornalismo sem nunca ter exercido atividade prática na área, ficando num plano puramente teórico. Para ele, essa também é uma das causas de se discutir tão pouco os meios de comunicação onde se formam comunicadores: "São professores que não tem aproximação com a realidade concreta e objetiva. E me parece que essa é uma realidade muito necessária para as percepções sobre comunicação", afirmou.
Foi uma aula magna, carente de alunos.
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