Texto de: Eduardo Sá e Jean Oliveira
No dia 25 de agosto a Fundação Casa de Rui Barbosa recebeu em seu auditório o seminário Cultura e Memória do Jornalismo Brasileiro, organizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. O Jornal Laboratório marcou presença cobrindo o evento e na mesma semana entrevistou a presidente do sindicato.
Patrocinado pela Petrobrás e com o apoio de universidades, órgãos culturais e da Fundação Casa de Rui Barbosa, o seminário apresentou o novo projeto de preservação da memória de nosso jornalismo; indo desde a história do país até um espaço diferenciado de produção cultural. A mesa foi composta por diversos pesquisadores das mais renomadas instituições nesse campo e contou com a contribuição do presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, também jornalista por muitas décadas.
O acadêmico destacou algumas personalidades que fizeram história no jornalismo brasileiro, como Barbosa Lima Sobrinho, contou curiosidades do Jornal do Commercio, sobre o qual publicou um livro recentemente, e ainda criticou a imprensa contemporânea que para ele “está empenhada no modelo neoliberal iniciado no governo Fernando Henrique e muitas vezes o jornalista nem percebe que está contribuindo para a destruição do Estado nacional”.
Os historiadores destacaram as dificuldades enfrentadas em nosso país na área das pesquisas devido à falta de financiamento e por estarem quase todos os materiais atualmente em mãos de iniciativas privadas dificultando o acesso ao público. Ressaltaram a necessidade de análises que contextualizem os acontecimentos para que se chegue a um material de qualidade, apresentando retratos da realidade indo desde a situação sócio-política até a “cozinha” das redações. Foi consenso na mesa de que é preciso não limitar a pesquisa aos personagens emblemáticos, de forma a estender o trabalho indo desde a rotina dos profissionais até o aspecto econômico da empresa para as quais eles colaboram. De acordo com Fernando Lattman do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas isso constitui hoje um tabu na nossa imprensa, pois o setor financeiro das corporações são fechados a sete chaves.
A professora Marialva Barbosa da UFF afirmou que a história é retratada de forma apenas verossímil através de vestígios do que já passou, levando o pesquisador a apenas recortes de uma realidade já ocorrida. A inexistência ou falta de acesso ao material bruto das matérias, sonho dos pesquisadores, passa por uma edição representada de acordo com os interesses das empresas que as transformam em história oficial; essa é outra questão que faz parte da realidade dos pesquisadores e por eles foi levantada no seminário.
Entrou no debate também a cada vez mais acelerada evolução tecnológica que constitui outro desafio para a preservação, pois é preciso montar uma estrutura que contemple a imensa quantidade de informação que requer um custo muito alto podendo se tornar uma limitação para esse tipo de trabalho atualmente.
Patrocinado pela Petrobrás e com o apoio de universidades, órgãos culturais e da Fundação Casa de Rui Barbosa, o seminário apresentou o novo projeto de preservação da memória de nosso jornalismo; indo desde a história do país até um espaço diferenciado de produção cultural. A mesa foi composta por diversos pesquisadores das mais renomadas instituições nesse campo e contou com a contribuição do presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, também jornalista por muitas décadas.
O acadêmico destacou algumas personalidades que fizeram história no jornalismo brasileiro, como Barbosa Lima Sobrinho, contou curiosidades do Jornal do Commercio, sobre o qual publicou um livro recentemente, e ainda criticou a imprensa contemporânea que para ele “está empenhada no modelo neoliberal iniciado no governo Fernando Henrique e muitas vezes o jornalista nem percebe que está contribuindo para a destruição do Estado nacional”.
Os historiadores destacaram as dificuldades enfrentadas em nosso país na área das pesquisas devido à falta de financiamento e por estarem quase todos os materiais atualmente em mãos de iniciativas privadas dificultando o acesso ao público. Ressaltaram a necessidade de análises que contextualizem os acontecimentos para que se chegue a um material de qualidade, apresentando retratos da realidade indo desde a situação sócio-política até a “cozinha” das redações. Foi consenso na mesa de que é preciso não limitar a pesquisa aos personagens emblemáticos, de forma a estender o trabalho indo desde a rotina dos profissionais até o aspecto econômico da empresa para as quais eles colaboram. De acordo com Fernando Lattman do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas isso constitui hoje um tabu na nossa imprensa, pois o setor financeiro das corporações são fechados a sete chaves.
A professora Marialva Barbosa da UFF afirmou que a história é retratada de forma apenas verossímil através de vestígios do que já passou, levando o pesquisador a apenas recortes de uma realidade já ocorrida. A inexistência ou falta de acesso ao material bruto das matérias, sonho dos pesquisadores, passa por uma edição representada de acordo com os interesses das empresas que as transformam em história oficial; essa é outra questão que faz parte da realidade dos pesquisadores e por eles foi levantada no seminário.
Entrou no debate também a cada vez mais acelerada evolução tecnológica que constitui outro desafio para a preservação, pois é preciso montar uma estrutura que contemple a imensa quantidade de informação que requer um custo muito alto podendo se tornar uma limitação para esse tipo de trabalho atualmente.
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A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, Suzana Blass, falou sobre o projeto do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo.
Até agora vocês ainda não conseguiram um espaço físico para o projeto né?
A gente está tentando um lugar, o Sérgio Cabral quando estava recém empossado prometeu que iria nos ajudar a encontrar uma casa, de preferência na Lapa, dentro da sua revitalização cultural. Por que a gente acha que podia dar essa opção cultural ali, além do chop e do samba, fazendo um espaço que tenha livraria, café, cinema, um protótipo de estúdio de rádio e televisão, auditório. Tem um museu em Washington que é um espetáculo e exatamente o que nós gostaríamos de ter aqui, mas provavelmente não vamos conseguir por que não temos a grana que eles têm lá.
A falta de investimento...
Por exemplo, tem um tipo de serviço que você digita o dia que você nasceu e aparece num dos acervos todas as primeiras páginas dos principais jornais daquele dia; tudo digitalizado. E isso é um produto que você pode levar, presentear as pessoas...
Então o projeto vai ser algo mais amplo, não especificamente pesquisa como a microfilmagem da Biblioteca Nacional?
Não, é uma coisa viva. O acervo vai ser uma parte, nós não queremos fazer uma coisa repetida. A gente quer fazer um centro vivo de discussão do jornalismo, com a história do jornalismo, palestras, seminários, exposições, o questionamento constante do fazer jornalismo e para onde a mídia está indo; uma coisa viva mesmo. Por isso que é um centro de cultura e memória, a gente quer fazer esse espaço de discussão como por exemplo trazendo esses teóricos da comunicação, quando vêm ao Rio, para estudantes ouvirem e jornalistas os entrevistarem.
E como vocês vão fazer essa ligação com as faculdades?
A gente tem contato com todos os coordenadores dos cursos de jornalismo do Rio de Janeiro, então é só uma questão de fazer essa divulgação. O sindicato pode estar um pouco descolado dos estudantes por uma questão de falta de braço da gente e do afluxo dos estudantes ao sindicato. Se a gente fizesse uma comissão de alunos aqui seria super interessante, a gente tem espaço para isso, criar eventos e o espaço está aberto o problema é que vocês não vêm.
Como está nesse momento o projeto?
Essa primeira fase é a hora de definir como que vai ser, qual tipo de acervo vamos ter, quais as parcerias a estabelecer, que figura jurídica vai ser o centro por que tem que ser separado do sindicato devido seu tamanho. Até por que o meu mandato dura três anos e a gente está fazendo um projeto permanente, a idéia veio antes da minha gestão com o Aziz Filho. Queremos que seja um esforço coletivo com apoio da ABI, da ANJ, para beneficiar a categoria como um todo. Conseguimos o patrocínio da Petrobrás nesse começo, estamos buscando material, vendo como será a formatação do site, os links com as outras instituições... Esse seminário foi muito importante por que percebemos um vácuo no mercado nas relações de produção, com pessoas que não são os notáveis e acabam ficando esquecidas. É preciso pegar o depoimento de toda a cadeia de produção da notícia para estabelecer o processo e esse é um diferencial que a gente está querendo fazer. Pegar a história de como a categoria se organizou, como virou profissão, também por esse lado.
E o foco vai ser aqui no Rio ou vai se estender para outros estados?
O Rio foi Capital Federal, a história passou por aqui durante muitos anos, então quando você mexe com história ele está no centro. Eu adoraria fazer a história do Diário de Pernambuco lá, do Jornal do Commercio do Ceará por exemplo, mas não sei se teremos perna para isso. Tem entrevistas marcadas para a Carla Siqueira fazer com profissionais de São Paulo, do Ceará, no Sul, que contarão histórias da profissão e fizeram parte da categoria.
Até agora vocês ainda não conseguiram um espaço físico para o projeto né?
A gente está tentando um lugar, o Sérgio Cabral quando estava recém empossado prometeu que iria nos ajudar a encontrar uma casa, de preferência na Lapa, dentro da sua revitalização cultural. Por que a gente acha que podia dar essa opção cultural ali, além do chop e do samba, fazendo um espaço que tenha livraria, café, cinema, um protótipo de estúdio de rádio e televisão, auditório. Tem um museu em Washington que é um espetáculo e exatamente o que nós gostaríamos de ter aqui, mas provavelmente não vamos conseguir por que não temos a grana que eles têm lá.
A falta de investimento...
Por exemplo, tem um tipo de serviço que você digita o dia que você nasceu e aparece num dos acervos todas as primeiras páginas dos principais jornais daquele dia; tudo digitalizado. E isso é um produto que você pode levar, presentear as pessoas...
Então o projeto vai ser algo mais amplo, não especificamente pesquisa como a microfilmagem da Biblioteca Nacional?
Não, é uma coisa viva. O acervo vai ser uma parte, nós não queremos fazer uma coisa repetida. A gente quer fazer um centro vivo de discussão do jornalismo, com a história do jornalismo, palestras, seminários, exposições, o questionamento constante do fazer jornalismo e para onde a mídia está indo; uma coisa viva mesmo. Por isso que é um centro de cultura e memória, a gente quer fazer esse espaço de discussão como por exemplo trazendo esses teóricos da comunicação, quando vêm ao Rio, para estudantes ouvirem e jornalistas os entrevistarem.
E como vocês vão fazer essa ligação com as faculdades?
A gente tem contato com todos os coordenadores dos cursos de jornalismo do Rio de Janeiro, então é só uma questão de fazer essa divulgação. O sindicato pode estar um pouco descolado dos estudantes por uma questão de falta de braço da gente e do afluxo dos estudantes ao sindicato. Se a gente fizesse uma comissão de alunos aqui seria super interessante, a gente tem espaço para isso, criar eventos e o espaço está aberto o problema é que vocês não vêm.
Como está nesse momento o projeto?
Essa primeira fase é a hora de definir como que vai ser, qual tipo de acervo vamos ter, quais as parcerias a estabelecer, que figura jurídica vai ser o centro por que tem que ser separado do sindicato devido seu tamanho. Até por que o meu mandato dura três anos e a gente está fazendo um projeto permanente, a idéia veio antes da minha gestão com o Aziz Filho. Queremos que seja um esforço coletivo com apoio da ABI, da ANJ, para beneficiar a categoria como um todo. Conseguimos o patrocínio da Petrobrás nesse começo, estamos buscando material, vendo como será a formatação do site, os links com as outras instituições... Esse seminário foi muito importante por que percebemos um vácuo no mercado nas relações de produção, com pessoas que não são os notáveis e acabam ficando esquecidas. É preciso pegar o depoimento de toda a cadeia de produção da notícia para estabelecer o processo e esse é um diferencial que a gente está querendo fazer. Pegar a história de como a categoria se organizou, como virou profissão, também por esse lado.
E o foco vai ser aqui no Rio ou vai se estender para outros estados?
O Rio foi Capital Federal, a história passou por aqui durante muitos anos, então quando você mexe com história ele está no centro. Eu adoraria fazer a história do Diário de Pernambuco lá, do Jornal do Commercio do Ceará por exemplo, mas não sei se teremos perna para isso. Tem entrevistas marcadas para a Carla Siqueira fazer com profissionais de São Paulo, do Ceará, no Sul, que contarão histórias da profissão e fizeram parte da categoria.
Então o eixo do projeto está no diferencial que ele vai apresentar frente aos acervos
É, por que às vezes essas personalidades já deram tantas entrevistas que acaba virando a mesma coisa. Por exemplo, não vale a pena termos a coleção de jornais do JB e do Globo, queremos ter mais discussões do que apenas um depositário de acervos. Está previsto no projeto fazer um chamamento à sociedade para trazerem material, essa primeira etapa deve durar um ano e meio tendo começado no começo desse ano. Quando estivermos com um imóvel vamos partir para a parte objetiva da implantação, tem arquitetos trabalhando, consultores culturais, e por isso envolve outros campos. Aqui no sétimo andar do nosso prédio faremos uma obra, dentro do orçamento aprovado pela lei Rouanet. Tem uma vigilância em cima disso pelo ministério da Cultura, há uma prestação de contas e estamos pensando em começar aqui no sindicato.
E já tem algo acontecendo?
Já tem depoimentos sendo colhidos, serão oitenta de início, e tudo irá convergir com o site inicialmente. Teremos uma sede virtual e depois livros publicados com as entrevistas e os acervos de jornal, rádio, revistas, famílias de jornalistas que têm um acervo excelente estão disponibilizando materiais... Não adianta a gente fazer o chamamento sem ter ainda o mecanismo de acesso com um programa de indexação relacionando todos os assuntos armazenados.
É, por que às vezes essas personalidades já deram tantas entrevistas que acaba virando a mesma coisa. Por exemplo, não vale a pena termos a coleção de jornais do JB e do Globo, queremos ter mais discussões do que apenas um depositário de acervos. Está previsto no projeto fazer um chamamento à sociedade para trazerem material, essa primeira etapa deve durar um ano e meio tendo começado no começo desse ano. Quando estivermos com um imóvel vamos partir para a parte objetiva da implantação, tem arquitetos trabalhando, consultores culturais, e por isso envolve outros campos. Aqui no sétimo andar do nosso prédio faremos uma obra, dentro do orçamento aprovado pela lei Rouanet. Tem uma vigilância em cima disso pelo ministério da Cultura, há uma prestação de contas e estamos pensando em começar aqui no sindicato.
E já tem algo acontecendo?
Já tem depoimentos sendo colhidos, serão oitenta de início, e tudo irá convergir com o site inicialmente. Teremos uma sede virtual e depois livros publicados com as entrevistas e os acervos de jornal, rádio, revistas, famílias de jornalistas que têm um acervo excelente estão disponibilizando materiais... Não adianta a gente fazer o chamamento sem ter ainda o mecanismo de acesso com um programa de indexação relacionando todos os assuntos armazenados.
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