Blog do Jornal Laboratório FACHA

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Breve em novo endereço e novo visual

Uma publicação dos alunos do Curso de Comunicação Social da
Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso
Unidade Botafogo.

jornallaboratoriofacha@gmail.com


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16/05/2008

REPORTAGEM AO VIVO: MUNIZ BARRETO PEDE SOCORRO!








Nas fotos acima: Rua escura e sem policiamento. Leo indignado com a falta de solução. Monick Dock e André Dias, alunos da FACHA, já foram assaltados.

Esta reportagem foi produzida em tempo real por alunos da turma de Técnica de Reportagem - Noite - durante o período de aula. Um grupo de alunos foi para a rua apurar a matéria com moradores do bairro, outro ouviu alunos da própria faculdade e outro ficou na redação.

Alunos que participaram: Alberto Lobo, Aline Lima, Barbara Bianco, Eduardo Strucch, Indaiá Reis, Juliana Teixeira, Luana Cristina, Luana Villaça, Luciana Guimarães, Marcela Nogueira, Miriam Cardim, Paula Virreira, Pilar Torres.

Fotos: Pedro Jardim e Viviane D´Ávila.

MUNIZ BARRETO PEDE SOCORRO!

A paz não pertence mais aos freqüentadores da Muniz Barreto. O desespero, o medo, fazem parte da rotina das pessoas que circulam pela rua e proximidades. A antiga tranqüilidade do andar na rua vem se tornando cada vez mais difícil. Um lugar onde é possível visualizar isso é na própria Faculdade Hélio Alonso. O cuidado com a violência já se tornou um hábito do dia-a dia dos seus alunos o receio de falar no celular, de um assaltante rendê-lo não se trata de uma realidade distante. Muito pelo contrário é o modo como as pessoas têm como reagir para garantir a sobrevivência.

Ano após ano nada muda, nada acontece, tudo continua...

A violência na rua Muniz Barreto está vulgarizada. O crime já é bem organizado, a escuridão eterna e a falta de policiamento de sempre (mesmo possuindo uma Delegacia na rua paralela) são melhores amigos do interminável odor de esgoto existente.

Vocês já viram o filme “Cheiro do Ralo” com Selton Mello? Pois é!! É exatamente isso que os moradores e visitantes de Botafogo sentem e vêem todos os dias.

Não menos importante, os estudantes das faculdades próximas, ainda relatam seus problemas com a ausência de estacionamentos e a obrigação ilegal do pagamento a guardadores de carro, que no final em nada diferencia no quesito segurança.

Enfim, situações como essas já fazem parte da paisagem local há muitos anos e ninguém faz nada para mudar. Eis aqui o desafio, e aí usuários, como vocês chegarão em suas casas ou faculdades quando não houver mais condições de tráfego e segurança nesta rua?

Aluno da FACHA, André Dias, de 22 anos, e seu amigo Bruno Crespo viveram momentos de pura apreensão recentemente na rua Muniz Barreto recentemente. Os assaltos na deserta e escura rua se tornaram uma realidade rotineira de quem se vê obrigado a passar por ali, como é o caso de grande parte dos alunos da FACHA.
Por duas vezes, num intervalo de 30 dias, André e Bruno puderam sentir na pele a total insegurança que norteia a Muniz Barreto. Os amigos estavam voltando da Rua Farani, onde num barzinho próximo, terminaram de assistir a uma partida da Seleção Brasileira. Ao voltarem para a Muniz Barreto, onde haviam estacionado o carro poucas horas antes, o encontraram com o vidro quebrado. Algo que chamou a atenção dos estudantes foi que todos os carros ao longo da rua do mesmo modelo Gol, se encontravam na mesma situação. “Os ladrões, pelo visto, estavam numa busca específica”, conta André.

Bruno resolveu trocar de carro. Não adiantou. Exatos 30 dias depois, ao estacionar seu novíssimo Palio, da Fiat, a surpresa foi ainda mais desagradável. Desta vez, não deu nem pra lamentar o estrago do carro, porque simplesmente o carro havia sumido. Agora com um de 40º tipicamente carioca brilhando no céu. A audácia dos assaltantes impressiona. A coragem de nossos governantes deveria impressionar também.

Fernanda Falcão também já sofreu com a falta de segurança no bairro. “Moro em Niterói. Todo dia desço em um ponto da praia de Botafogo e sigo o caminho pelo edifício Argentina, mas no dia 31 de agosto de 2007 eu peguei o caminho do viaduto. Estava com uma bolsa e uma sacola de compras. Uma moto parou um pouco à frente de onde eu estava. O carona desceu e ficou mexendo no pneu, como se algo estivesse errado. Quando passei por eles, um dos homens me agarrou e mandou eu entregar tudo, enquanto o motorista ficava me xingando e falando coisas para me amedrontar ainda mais. Minha bolsa rasgou e caiu no chão. Quando me abaixei para pegá-la, o carona pegou antes e começou a me bater com ela. Logo eles foram embora me deixando jogada no chão. Tinha um segurança na esquina que disparou três tiros na direção da moto. Ele falou que um dos tiros pegou no pneu e outro no carona, mas não sei se é verdade. Perdi minha bolsa com todos meus pertences e fiquei com medo de andar sozinha por aqui por um bom tempo”.
Cristina Miranda, 33 anos, moradora da Praia de Botafogo demonstra indignação e medo por não ter opção de levar sua cadela Amanda para passear. "Eu tenho o costume de vir aqui no máximo até às 19h30, porque já vi muitas pessoas assaltadas, usando drogas, até casais transando, desabafou a moradora. A praça próxima à faculdade localizada na Muniz Barreto conta com pouca iluminação e nenhuma segurança".

Leonardo Almeida Cadus, 49 anos, o famoso “Leo dos Sanduíches”, com seu carro parado na frente da FACHA há mais de 30 anos, confirma, indignado, a falta de segurança, pelo fato da rua estar localizada entre um pólo comercial e duas faculdades de grande porte no seu redor. "Os ladrões aproveitam o fluxo grande de jovens e a falta de segurança para assaltar, declara. Segundo Leo, "a falta de segurança já foi pior. Hoje, a FACHA tem seguranças que trabalham fazendo a ronda na rua para dar poteção aos estudantes".

Jair Lemos, 27 anos, porteiro há 6 anos do prédio ao lado FACHA, afirma que os moradores têm medo de chegar em casa após às 22h . "Depois que a faculdade fecha, fica muito perigoso".
No final do ano passado, a estudante de publicidade Monick Dock estava na rua Muniz Barreto a caminho da faculdade quando um homem de estatura média aparentando ter em torno de 30 anos abordou-a e pediu que ela lhe entregasse o celular que estava em seu bolso. Ao se recusar, a entregá-lo, o homem segurou seus braços e tentou pegar o aparelho a força. Sem grande sucesso ele começou a sacudi-la a e ameaçá-la. Um outro rapaz que presenciava a cena, interferiu no assalto e, fingindo que estava acompanhando a estudante, pegou-a pela mão e saiu andando com ela. O assaltante, assustado, distanciou-se e não reagiu mais.

Em janeiro deste ano, a estudante da FACHA, Renata Ururahy, estava passando em frente à saída de ar do metrô na Muniz Barreto quando observou que havia dois homens consertando um caminhão. Sem perceber maiores intenções, continuou andando. Alguns segundos depois um dos homens parou à sua frente e disse que não queria lhe fazer mal desde que ela fizesse o que seria pedido. Ele pediu que ela lhe entregasse o MP3 que estava em sua bolsa e em seguida começou a ameaçá-la dizendo que ela iria morrer e que ele não estava para brincadeiras.

Depois de entregar o aparelho, a estudante imediatamente entrou na faculdade, onde foi acalmada pelos funcionários. Ao sair da instituição se deparou com um dos assaltantes sentado no meio-fio em frente à porta. Com a ajuda dos seguranças ela conseguiu pegar um táxi em segurança e ir embora.

Renata conta ainda que ao conversar com a responsável pela secretaria da faculdade foi informada de que eles nada podiam fazer, pois já tinham pedido reforço policial diversas vezes sem serem atendidos, pois, aparentemente, a polícia alega não haver necessidade de policiamento na área.
Miriam Cardim: "Eu nunca fui assaltada, porque sou escandalosa"
Por Caroline Brandão

Miriam Cardim, aluna da FACHA desde 2003, já ouviu várias histórias sobre assaltos na Muniz Barreto. Sendo que durante os cinco anos que estuda na faculdade, nunca passou por essa experiência. Segundo Miriam, ser uma pessoa escandalosa ajuda em situações como esta e pode até coibir a ação de alguns marginais.

"Eu sou muito escandalosa. Se perceber que estou correndo algum perigo eu xingo muito. Uma vez, já na porta de casa, um homem foi puxar meu celular e na mesma hora eu senti a mão dele. Joguei o aparelho no chão e comecei a gritar desesperadamente, chamando a atenção de todos na rua. O tal marginal, que estava em uma moto com uma mulher, foi embora e o meu celular ficou", relata a estudante.

Vale lembrar que uma atitude como essa pode ser perigosa e irreparável. Além de ter o seu celular roubado a aluna poderia sofrer danos muito maiores. Mas como a área é bem perigosa e nunca houve nenhum tipo de policiamento, todos se defendem como podem. Cada um com a sua arma.
Um outro ponto de vista
Por: Julio Araújo

Incrível, pois muitos colegas de faculdade sempre reclamam dos riscos de assalto da rua Muniz Barreto e nunca me passou nada. Eu fico espantado já que de segunda a sexta-feira, desde 2003, quando comecei a estudar jornalismo na Facha, eu saio desde a estação do metrô Botafogo até o campus, andando quase toda a rua, mas notando outros problemas que a mesma enfrenta como iluminação e carros mal estacionados impedindo, às vezes, a passagem dos pedestres.

Na questão de iluminação, posso dizer que toda a rua Muniz Barreto é mal iluminada, principalmente nas proximidades da estação do metrô e entre as ruas Visconde de Ouro Preto e Marquês de Olinda. Sobre estacionamento, a rua conta com várias vagas e, até mesmo, alguns particulares, mas as pessoas insistem em parar o carro nos piores lugares possíveis, como em esquinas, por exemplo, é só dar uma passada na esquina da Marques de Olinda e Muniz Barreto, é um absurdo.
Cenário perfeito para meliantes
Indaiá Reyes

O problema da violência nas grandes cidades é pauta cotidiana dos meios de comunicação em todo o mundo. Na Rua Muniz Barreto não é diferente. A falta de iluminação e policiamento adequados formam o cenário perfeito para os “meliantes” que atuam na região.

Como ex-aluna de cadeira de Publicidade da faculdade, posso dar meu próprio depoimento sobre como a violência afeta o local. Já tive meu carro roubado estacionado em frente a faculdade. O que não foi nada se comparado com o caso de Gisele Soares, uma amiga de primeiro período, que ao sair da aula foi abordada por um homem armado, e visivelmente drogado, que a acompanhou até ponto de ônibus na praia da Botafogo, onde a manteve refém durante quase duas horas, fazendo ameaças entre frases desconexas, até simplesmente resolver entrar num ônibus e ir embora.
A partir deste dia, Gisele deixou de assistir às aulas do segundo tempo, e pouco depois resolveu abandonar o curso. Na época também, passando por um dos corredores, cheguei a escutar o caso contado por uma outra aluna que sofrera uma tentativa de assalto à mão armada indo para a faculdade. Neste caso a arma usada foi um alicate de manicuro.

Voltando à faculdade, 5 anos depois de formada, para agora concluir a cadeira de Jornalismo, vejo que muito pouca coisa mudou neste sentido. A rua continua mal iluminada, sem policiamento e a sensação de insegurança instaurada no local. Resta perguntar, o que falta acontecer para que as providências óbvias para a preservação da segurança sejam tomadas.

2 comentários:

Rodrigo Novaes de Almeida disse...

Parabéns pela matéria!!!

Infelizmente, esta é a nossa realidade. De nada adiantou no semestre retrasado fazermos um abaixo-assinado na faculdade. Nem a direção da faculdade, muito menos a polícia, se preocupa com os vários estudantes (de várias escolas e faculdades) que circulam nas imediações. Mas o mais grave, na época em que a lista circulou no pátio da faculdade (eu participei da divulgação, junto com alguns colegas e o professor Rotberg), foi a reação de alguns alunos, que disseram que não assinaria o abaixo-assinado porque se a polícia estivesse presente no local dificultaria o consumo de maconha na praça perto da faculdade. Tenho testemunhos de vários colegas que ouviram o mesmo. Isto é gravíssimo. De que adianta então reclamarmos providências se há alunos, e não são poucos, a pensar assim?

Unknown disse...

Já que a policia não ajuda nesses casos, não é possível ter uma entrada / saida da faculdade pela Praia de Botafogo? Pelo menos é mais iluminada..