Blog do Jornal Laboratório FACHA

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Uma publicação dos alunos do Curso de Comunicação Social da
Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso
Unidade Botafogo.

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17/04/2008

O mercado editorial no Brasil, por Rodrigo Novaes de Almeida



O Mercado Editorial no Brasil

Por Rodrigo Novaes de Almeida*

"A distribuição é uma guerra diária de todos contra todos.
Grandes editoras compram espaços nas livrarias".


Não tratarei aqui sobre o futuro do mercado de livros, sobre o que representará a internet, que não é simplesmente ferramenta tecnológica (ferramentas são computadores, palms, celulares etc.), e sim um “mais que o todo” que já vem revolucionando a comunicação e a linguagem no mundo. Não tratarei aqui sobre o advento de um novo paradigma, sobre novos formatos de livro e comércio de livros, nem sobre a ruptura iminente de um sistema condenado.


Em outro artigo (Guerrilha literária. Guerrilha cultural) tratei da relação entre o mercado editorial e a imprensa e do movimento de contra-corrente que se apresenta na internet. Neste, busco apenas, de forma breve, geral e informativa, mapear a realidade do mercado de livros hoje, um comércio que, apesar de ter suas peculiaridades, é comércio, portanto passível das regras e vicissitudes do sistema que, por ora, se mantém.


Três são os tipos de editoras existentes em nosso país: 1) editoras grandes, que publicam os best-sellers internacionais e autores nacionais consagrados; 2) editoras médias, que publicam livros em parceria (com o próprio autor ou com instituições estatais ou privadas) e fazem pouquíssimas apostas (de bancar o custo integral de um livro); e 3) editoras pequenas, que publicam livros financiados pelo autor.


O caminho usual do autor começa de uma ilusão, a de que uma grande editora publicará o seu livro. Meses depois de enviado o original e de receber resposta negativa, isto se receber, ele parte para editoras de médio porte. Se a editora tem interesse em publicar o livro e o autor tem dinheiro para arcar com as despesas ou parte delas, o acordo é firmado (mas estas duas condições precisam vir juntas). Não havendo acordo, ele parte então para a publicação do seu livro por conta própria. Neste caso, ou ele leva o livro pronto para uma gráfica ou paga a uma pequena editora para fazê-lo. O ideal aqui é procurar mesmo uma editora pequena que tenha canais de distribuição em livrarias (especificados com clareza no contrato), porque se ela não se compromete com o autor em fazer a distribuição, este terá uma montanha de livros em casa para nada, dinheiro jogado fora.


A distribuição é uma guerra diária de todos contra todos. Grandes editoras compram espaços nas livrarias. A rotatividade de lançamentos é alucinante. As editoras médias precisam dar descontos elevados para conseguir que os seus livros fiquem nas lojas. Editoras pequenas só conseguem algum espaço, mínimo, se tiverem acordo com uma distribuidora, que pode até ser uma editora ou um grupo de editoras ou, ainda, apenas distribuidora. Na França, por exemplo, livros encalhados costumam, muitas vezes, ser destruídos em vez de ocupar depósitos, como é o caso do Brasil.


A dica para os novos autores é, primeiro, usufruir a internet para divulgar o seu trabalho e o seu nome. Se quiser realmente ter o seu livro impresso, não para si, mas para um público de leitores, deve estar ciente dessa realidade do mercado. Tentar editoras grandes num primeiro momento é infrutífero, mas não condenável. Contudo, sem ilusões. Melhor buscar formas de parceria com editoras médias ou pequenas (que tenham canais de distribuição apresentadas de forma transparente). Isto feito, se houver resposta positiva comercialmente (vendas), haverá também alguma visibilidade, e os olhos das grandes editoras poderão se voltar na sua direção.

* Rodrigo Novaes de Almeida (Rio de Janeiro-RJ, 1976). Aluno da FACHA. Escritor, jornalista e artista plástico. Trabalha na área editorial. Autor do livro-blogue Vórtice Famigerado (http://vorticefamigerado.blogspot.com/). Produz o blogue http://rodrigonovaesdealmeida.blogspot.com/ E-mail: digonovaes@yahoo.com.br

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